13 de março de 2014

❝ Quando é saudade,a música pequena nos canta uma memória toda.Um detalhe despretensioso no dia,esboça imediatamente no semblante aquela urgência: nuances de eternos instantes daquele canto específico em nosso peito.Quando é saudade,os ramos crescem por nossos muros: o tempo se alarga e caminha sem olhar em volta – enquanto nada vem.Quando é saudade,cada alvorecer é fome:porque saudade tem forma e tem nome.Tem a cor da tinta que risca os dias no calendário.Som vago do sopro solitário,sobre a vela imaginária no último aniversário.Quando é saudade,ainda que ponteada pela cética do realismo e da impossibilidade,paira-nos uma sombra de ternura que se acumula e não se basta em lugar algum.Em ninguém.Nada nos é preenchível e mais necessário,além da presença:porque alívio se chama abraço.Porque saudade,é esse amor que repousa tênue e descomplicado, refletindo sempre,por sobre a água mais pura dos nossos olhos. ❞

Patrícia Vicensotti